Lavar.
Lavar
a alma e tudo mais que dela vem.
É
poesia ler a roupa, branca, limpa, passada.
Sentir
o perfume da roupa.
Ao
sol, chuva, vento, banhadas, secas - balançam-se, dançam-se, renovam-se.
Cores,
água, tempo.
É
romantico lembrar das lavadeiras nas pedras.
Ouvir
o seu canto, quando espantava a sujeira rio abaixo.
Aquela
tecnologia para a sujeira sair e não voltar ao tecido.
E
aquele lamento na volta para casa... e gargalhava-se quando uma peca ou outra
caia no chão e corriam para pegar...
É
na trama e urdume que a água tinha que passar e levar a sujeira.
Cade
seus segredos mulheres, que limão e água quente tira gordura... das manchas das
canetas tinteiras nos bolsos, da graxa, do molho de comida na roupa da criança.
Onde
está tu mulher? Olhando as estrelas... ah sim, a espera que sua secadora
termine seu serviço.
Hoje,
roupa suja se lava em casa! Antes se lavava na beira do rio.
O
advento da máquina de lavar é bem vindo, mas o encontro faz falta.
A
figura das lavadeiras que muito mais do que lavar roupa a beira dos rios se
encontravam, conversavam, partilhavam dores e alegrias, subiam ladeiras
com latas d’agua na cabeça e desciam com enormes trouxas, em perfeito
equilíbrio, onde estão? Claro, ninguém mais quer esta vida. Mas é preciso
manter a alma limpa.
Às
vezes temos necessidade de quarar no varal e voltar branco, alvíssimo mesmo,
como roupas. Aparentemente renova o corpo, só aparentemente. Mas a alma, tenha
a certeza, volta sempre lavada - renovada mesmo! - do varal. Tem também a
questão da técnica: a roupa precisa ser sacudida e
alisada "libertando-a do atormentado ciclo de secagem
centrífuga".
Guardemos
isso:
Não somos ostras,
não conseguimos
transformar lixo em pérola,
em nós lixo engolido,
vira doença!
LAVE SUA ROUPA.
Sabão, um pedacinho assim...
Olha a água, um pinguinho assim...
O tanque, um tanquinho assim...
A Roupa um tantão assim...
Para Lavar a roupa da minha Sinhá
Quintal, um quintalzinho assim...
A corda, uma cordinha assim...
o Sol, um solzinho assim...
E a Roupa um tantão assim...
Para Secar a roupa da minha Sinhá
A sala, uma salinha assim...
A mesa, uma mesinha assim...
O ferro, um ferrinho assim...
E a Roupa um tantão assim...
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