sábado, 30 de junho de 2012

LAVANDO A ALMA

Lavar.
Lavar a alma e tudo mais que dela vem.
É poesia ler a roupa, branca, limpa, passada.
Sentir o perfume da roupa.
Ao sol, chuva, vento, banhadas, secas - balançam-se, dançam-se, renovam-se.
Cores, água, tempo.
É romantico lembrar das lavadeiras nas pedras.
Ouvir o seu canto, quando espantava a sujeira rio abaixo.
Aquela tecnologia para a sujeira sair e não voltar ao tecido.
E aquele lamento na volta para casa... e gargalhava-se quando uma peca ou outra caia no chão e corriam para pegar...
É na trama e urdume que a água tinha que passar e levar a sujeira.
Cade seus segredos mulheres, que limão e água quente tira gordura... das manchas das canetas tinteiras nos bolsos, da graxa, do molho de comida na roupa da criança.
Onde está tu mulher? Olhando as estrelas... ah sim, a espera que sua secadora termine seu serviço.
Hoje, roupa suja se lava em casa! Antes se lavava na beira do rio.
O advento da máquina de lavar é bem vindo, mas o encontro faz falta.
A figura das lavadeiras que muito mais do que lavar roupa a beira dos rios se encontravam, conversavam, partilhavam dores e alegrias, subiam ladeiras com latas d’agua na cabeça e desciam com enormes trouxas, em perfeito equilíbrio, onde estão? Claro, ninguém mais quer esta vida. Mas é preciso manter a alma limpa.
Às vezes temos necessidade de quarar no varal e voltar branco, alvíssimo mesmo, como roupas. Aparentemente renova o corpo, só aparentemente. Mas a alma, tenha a certeza, volta sempre lavada - renovada mesmo! - do varal. Tem também a questão da técnica: a roupa precisa ser sacudida e alisada "libertando-a do atormentado ciclo de secagem centrífuga".
Guardemos isso:


Não somos ostras,
não conseguimos transformar lixo em pérola,
em nós lixo engolido, vira doença!
LAVE SUA ROUPA. 


Sabão, um pedacinho assim...
  

 Olha a água, um pinguinho assim...

O tanque, um tanquinho assim...

A Roupa um tantão assim...

Para Lavar a roupa da minha Sinhá 

 Quintal, um quintalzinho assim...

A corda, uma cordinha assim...

o Sol, um solzinho assim...

E a Roupa um tantão assim...

Para Secar a roupa da minha Sinhá 

A sala, uma salinha assim...

A mesa, uma mesinha assim...

O ferro, um ferrinho assim...

E a Roupa um tantão assim...
(música - LAMENTO DA LAVADEIRA)





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